De
acordo com o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de
2010, a população indígena conta com cerca de 800 mil pessoas (0,6% da
população brasileira). São mais de 300 etnias e 274 línguas diferentes, algumas
palavras herdadas do tupi-guarani ainda são usadas, como por
exemplo, a mandioca, o beiju, paçoca, o milho, o pirão e a canoa.
A
diversidade biológica (variabilidade entre os seres vivos de todas as origens, a terrestre a marinha e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos) está associada aos modos de vida
indígena, de ocupar um território e de se relacionar com ele. Nessa visão, a
natureza não é um mero recurso a ser explorado com o fim exclusivo do desenvolvimento
econômico de determinada sociedade. Dessa maneira, na diversidade e
complexidade eles são indissociáveis dos modos de vida associados à
biodiversidade e a universos relacionais de grande riqueza ecológica, além de
formas de produção e circulação específicas aos regimes de saber. Afinal, os
conhecimentos tradicionais, ou seja, os saberes dos povos da floresta, remetem-se,
simultaneamente, tanto a uma referência mítica ou ancestral (algo ou alguém lendário, relativo a mitos, curioso, misterioso), quanto a um dinâmico processo de inovação e experimentação
movidos pela criatividade dos indígenas, por exemplo rituais de passagem entre a fase de criança e a adulta, produção de objetos de arte (vasos de cerâmica, máscaras, colares) com materiais da natureza tratam as doenças com ervas da natureza e costumam realizar rituais de cura, dirigidas por um pajé; têm o costume de dividir quase tudo que possuem,
principalmente os alimentos; possuem uma religião baseada na existência de forças
e espíritos da natureza; as armas mais conhecidas dos indígenas brasileiros são o arco e a flecha, o chuço (madeira com ponta de ferro afiada), a borduna (porrete de madeira) e a zarabatana (tubos feitos de bambu que servem para aturar setas através do sopro).
É
notável a articulação dos sistemas de conhecimentos indígenas com seus modos de
vida em associação com práticas que propiciam e contribuem, fortemente, para
conservar a biodiversidade (animal e vegetal), bem como para produzi-la ou
incrementá-la dado o apreço ou preferência, flagrante, pela diferença. Na
contramão do esforço homogeneizador das monoculturas, o que interessa não se
limita ao que é simplesmente mais produtivo, posto que melhoramento e eficácia
não são os valores centrais que orientam as ações.
O
reconhecimento crescente do papel dos povos indígenas na ampliação da
diversidade da fauna e da flora, por meio de seus conhecimentos e formas únicas
de viver e ocupar um lugar, é um dos caminhos para abordar a importância das
terras indígenas, sobretudo num cenário no qual se multiplicam as catástrofes
ambientais (com as recentes queimadas na Amazônia, por exemplo) que projetam um
futuro planetário desalentador, cada vez mais pobre em vida. Com efeito, se há
florestas em pé é porque há povos indígenas que as conservam, conforme figura
1.
Figura
1 – Mapa das categorias fundiárias
Fonte: IPAM, 2018.
As
categorias fundiárias apresentadas no mapa da figura 1 são as terras indígenas,
as unidades de conservação, as florestas não destinadas, projetos de
assentamentos e outros. São categorias destinadas para a classificação da
propriedade sobre a terra.
Não é
demais lembrar alguns dados sobre a disparidade da distribuição das terras
indígenas pelo país e a importância de seguir com a política de demarcação dessas
terras. Cerca de 45% da população indígena brasileira que vive em terras
indígenas está fora da Amazônia Legal, áreas nas quais se vive uma situação
histórica de confinamento e luta constante pelo território. De um total de 297
terras indígenas fora da Amazônia Legal, 143 ainda não tiveram seu processo de
reconhecimento finalizado. Essas terras representam menos de 2% da área
total de terras indígenas no país, embora abriguem 45% da população.
A medicina
popular vem da sabedoria e da cultura indígena. Os índios conviveram há
milênios nesse ecossistema sem a necessidade de destruí-lo, pois eles se
identificavam com a natureza de tal forma que não precisavam desmatar ou causar
maiores estragos à natureza. Eles utilizavam os recursos naturais curando as
doenças com as plantas
medicinais (figura 2).
Figura 2
– Plantas medicinais
Fonte:
Blog Espíritos de índio
As crenças
religiosas desses povos ocorrem através do culto aos espíritos ou o
animismo, e os xamãs funcionavam como uma espécie de ligação entre o nosso
mundo e o mundo espiritual. Danças e ritos de puberdade ( eram essenciais para
dividirem clãs totêmicos, ou seja, grupos considerados descendentes de
ancestrais míticos comuns e se diferenciavam dos outros em razão de alguns
rituais.
Atualmente,
mais da metade dos índios brasileiros se localizam na Amazônia Legal. Essas
Terras, de acordo com a Constituição de 1988, são de uso exclusivo desses povos
e protegidas pelo Estado brasileiro e na Amazônia são maiores que aquelas
existentes em outras regiões do país. Isso acontece porque os europeus ocuparam
por último as áreas no interior da Amazônia Legal, beneficiando os índios que
fugiam da escravidão das primeiras áreas ocupadas.
Os indígenas no Brasil, tem constitucionalmente garantidos conforme o artigo 231 da Constituição Federal a sua organização social, costumes, língua, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo a União (O Estado Brasileiro) demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Nas terras indígenas conforme o Parágrafo nº 4 deste artigo 231, dizem que as terras são inalteráveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas imprescritíveis. As principais aldeias indígenas do Amazonas são Kambeba, Jarawara e Wanana.
Releia o texto,
assista o vídeo e escute a música, em seguida reflita, anote e produza um breve
texto expressando sua opinião sobre os indígenas.
Por: Gabriela Cessel.
Referências
ESPÍRITO DE ÍNDIOS (Blog). A medicina. Disponível em: <http://espiritosdeindios.blogspot.com/2011/05/assim-como-em-todas-as-tribos-medicina.html> Acesso em 25 de outubro de 2019.
IPAM (Site). Disponível em: <https://ipam.org.br/pt/> Acesso em 25 de outubro de 2019.
NEXO (Site). A diversidade da flora amazônica, em números. Disponível: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/10/02/A-diversidade-da-flora-amaz%C3%B4nica-em-n%C3%BAmeros> Acesso em 25 de outubro de 2019.
SURVIVAL BRASIL (Site) Povos isolados. Disponível em: <https://www.survivalbrasil.org/povos/indios-isolados-brasil> Acesso em 25 de outubro de 2019.
Achei interessante gostei parabéns para aqueles que fizeram👏
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