segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Indígenas


De acordo com o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, a população indígena conta com cerca de 800 mil pessoas (0,6% da população brasileira). São mais de 300 etnias e 274 línguas diferentes, algumas palavras herdadas do tupi-guarani ainda são usadas, como por exemplo, a mandioca, o beiju, paçoca, o milho, o pirão e a canoa.
A diversidade biológica (variabilidade entre os seres vivos de todas as origens, a terrestre a marinha e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos) está associada aos modos de vida indígena, de ocupar um território e de se relacionar com ele. Nessa visão, a natureza não é um mero recurso a ser explorado com o fim exclusivo do desenvolvimento econômico de determinada sociedade. Dessa maneira, na diversidade e complexidade eles são indissociáveis dos modos de vida associados à biodiversidade e a universos relacionais de grande riqueza ecológica, além de formas de produção e circulação específicas aos regimes de saber. Afinal, os conhecimentos tradicionais, ou seja, os saberes dos povos da floresta, remetem-se, simultaneamente, tanto a uma referência mítica ou ancestral (algo ou alguém lendário, relativo a mitos, curioso, misterioso), quanto a um dinâmico processo de inovação e experimentação movidos pela criatividade dos indígenas, por exemplo rituais de passagem entre a fase de criança e a adulta, produção de objetos de arte (vasos de  cerâmica, máscaras, colares) com materiais da natureza tratam as doenças com ervas da natureza e costumam realizar rituais de cura, dirigidas por um pajé; têm o costume de dividir quase tudo que possuem, principalmente os alimentos; possuem uma religião baseada na existência de forças e espíritos da natureza; as armas mais conhecidas dos indígenas brasileiros são o arco e a flecha, o chuço (madeira com ponta de ferro afiada), a borduna (porrete de madeira) e a zarabatana (tubos feitos de bambu que servem para aturar setas através do sopro).
É notável a articulação dos sistemas de conhecimentos indígenas com seus modos de vida em associação com práticas que propiciam e contribuem, fortemente, para conservar a biodiversidade (animal e vegetal), bem como para produzi-la ou incrementá-la dado o apreço ou preferência, flagrante, pela diferença. Na contramão do esforço homogeneizador das monoculturas, o que interessa não se limita ao que é simplesmente mais produtivo, posto que melhoramento e eficácia não são os valores centrais que orientam as ações.
O reconhecimento crescente do papel dos povos indígenas na ampliação da diversidade da fauna e da flora, por meio de seus conhecimentos e formas únicas de viver e ocupar um lugar, é um dos caminhos para abordar a importância das terras indígenas, sobretudo num cenário no qual se multiplicam as catástrofes ambientais (com as recentes queimadas na Amazônia, por exemplo) que projetam um futuro planetário desalentador, cada vez mais pobre em vida. Com efeito, se há florestas em pé é porque há povos indígenas que as conservam, conforme figura 1.

Figura 1 – Mapa das categorias fundiárias


Fonte: IPAM, 2018.


As categorias fundiárias apresentadas no mapa da figura 1 são as terras indígenas, as unidades de conservação, as florestas não destinadas, projetos de assentamentos e outros. São categorias destinadas para a classificação da propriedade sobre a terra.
Não é demais lembrar alguns dados sobre a disparidade da distribuição das terras indígenas pelo país e a importância de seguir com a política de demarcação dessas terras. Cerca de 45% da população indígena brasileira que vive em terras indígenas está fora da Amazônia Legal, áreas nas quais se vive uma situação histórica de confinamento e luta constante pelo território. De um total de 297 terras indígenas fora da Amazônia Legal, 143 ainda não tiveram seu processo de reconhecimento finalizado. Essas terras representam menos de 2% da área total de terras indígenas no país, embora abriguem 45% da população.
A medicina popular vem da sabedoria e da cultura indígena. Os índios conviveram há milênios nesse ecossistema sem a necessidade de destruí-lo, pois eles se identificavam com a natureza de tal forma que não precisavam desmatar ou causar maiores estragos à natureza. Eles utilizavam os recursos naturais curando as doenças com as plantas medicinais (figura 2).

Figura 2 – Plantas medicinais


Fonte: Blog Espíritos de índio

As crenças religiosas desses povos ocorrem através do culto aos espíritos ou o animismo, e os xamãs funcionavam como uma espécie de ligação entre o nosso mundo e o mundo espiritual. Danças e ritos de puberdade ( eram essenciais para dividirem clãs totêmicos, ou seja, grupos considerados descendentes de ancestrais míticos comuns e se diferenciavam dos outros em razão de alguns rituais.
Atualmente, mais da metade dos índios brasileiros se localizam na Amazônia Legal. Essas Terras, de acordo com a Constituição de 1988, são de uso exclusivo desses povos e protegidas pelo Estado brasileiro e na Amazônia são maiores que aquelas existentes em outras regiões do país. Isso acontece porque os europeus ocuparam por último as áreas no interior da Amazônia Legal, beneficiando os índios que fugiam da escravidão das primeiras áreas ocupadas.
Os indígenas no Brasil, tem constitucionalmente garantidos conforme o artigo 231 da Constituição Federal a sua organização social, costumes, língua, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo a União (O Estado Brasileiro) demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Nas terras indígenas conforme o Parágrafo nº 4 deste artigo 231, dizem que as terras são inalteráveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas imprescritíveis. As principais aldeias indígenas do Amazonas são Kambeba, Jarawara e Wanana. 
Releia o texto, assista o vídeo e escute a música, em seguida reflita, anote e produza um breve texto expressando sua opinião sobre os indígenas.



Por: Gabriela Cessel.

Referências

ESPÍRITO DE ÍNDIOS (Blog). A medicina. Disponível em: <http://espiritosdeindios.blogspot.com/2011/05/assim-como-em-todas-as-tribos-medicina.html> Acesso em 25 de outubro de 2019.
IPAM (Site). Disponível em: <https://ipam.org.br/pt/> Acesso em 25 de outubro de 2019.
NEXO (Site). A diversidade da flora amazônica, em números. Disponível: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/10/02/A-diversidade-da-flora-amaz%C3%B4nica-em-n%C3%BAmeros> Acesso em 25 de outubro de 2019.
SURVIVAL BRASIL (Site) Povos isolados. Disponível em: <https://www.survivalbrasil.org/povos/indios-isolados-brasil> Acesso em 25 de outubro de 2019.

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