Quando
falamos da grande diversidade econômica e cultura da região amazônica, não
podemos nos esquecer de mencionar os povos castanheiros, trata-se de
comunidades que colaboram imensamente na extração da castanha-do-brasil, a qual
é comercializada por todo o mundo e inclusive no mercado interno brasileiro. Nesse
sentido, é preciso destacar o trabalho que esses povos desempenham sobre a
extração e colheita do fruto, aliada com as dificuldades e as culturas desses
ancestrais da floresta amazônica. Pois essa prática de colheita das castanhas é
marcada de longa data, seja para a subsistência das suas famílias, seja na
necessidade de se comercializar.
Esses povos e a produção castanheira
estão localizados, como se pode observar na figura logo abaixo (fig. 1), em várias
extensões da floresta amazônica brasileira, ao longo dos estados de Amazonas,
Pará, Tocantins, Acre, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão.
Fig. 1 - Mapa de localização das castanheiras
As comunidades que vivem da
extração da castanha são em sua maioria remanescentes de quilombos e de algumas
tribos indígenas, que se localizam muito distantes uma das outras e dos centros
urbanos.
Pertencente a família Lecythidaceae, a
castanheira-do-brasil (Bertholletia
excelsa) ou Castanha do Pará, é uma das mais importantes espécies de
exploração extrativa da Amazônia. Contribuindo de maneira significativa para a
economia da região, destaca-se como o principal produto não madeireiro da
região, os estados do Acre, Pará e Amazonas produzem cerca de 93% da safra
brasileira. Suas sementes são comercializadas no comércio interno por todo o
Brasil e tem grande destaque para as exportações, que são realizadas para muitos
países do mundo. No Brasil, é uma das espécies ameaçadas de extinção.
Quando adulta, as
CASTANHEIRA-DO-BRASIL (fig. 2) pode atingir mais de 60 metros de altura, com
diâmetro na base do tronco, muitas vezes alcançando mais de 4 metros, com uma
idade estimada de aproximadamente 800 anos.
A extração da castanha ocorre principalmente nos meses
chuvosos, ou seja, no verão amazônico, e como as castanheiras são muito altas,
ou ouriços são coletados quando estão caídos no chão (fig. 3). Esses ouriços
são cápsulas arredondadas que possuem uma carapaça muito dura e resistente que
guardam em seu interior cerca de 12 a 20 sementes, que são as amêndoas que são comercializadas.
Essas sementes são coletadas e armazenadas em sacas que são vendidas ou
beneficiadas. O beneficiamento contempla a secagem de sementes (fig. 6) em estufas
ou em ar livre, descascamento manual ou por meio de prensas metálicas e,
opcionalmente, a extração do óleo.
Fig. 2 - Castanheira
Fonte: WWF - Brasil / Clóvis Miranda
Fig. 3 - Trabalhadores quebrando os ouriços
Foto: Maurício de Paiva
No período de coleta da castanha,
algumas famílias mudam-se para dentro da floresta, com o intuito de aumentar a
produtividade e um maior retorno financeiro da extração dos frutos das
castanheiras. Como se voltam praticamente somente para essa atividade, as
famílias que migraram para o interior da floresta, nas proximidades dos
castanhais, dividem as tarefas entre eles, de maneira na qual os homens coletam
e transportam as castanhas (fig. 5), e as mulheres quebram os ouriços de
castanha (fig. 3)
O transporte dos frutos (fig. 4) ocorre por meio de
embarcações e rabetas (canoas com motores), sendo os rios a principal via de
transporte destas comunidades e desses produtos.
Fig. 4 - Transporte das castanhas
Foto: Maurício de Paiva
Fig. 5 - Colheita dos ouriços
Foto: Maurício de Paiva
Cabe ressaltar que esses povos enfrentam alguns problemas
nesse processo de extração das castanhas, podendo-se encontrar situações como:
exploração e semiescravidão. Existem outros agravantes como a extração de
minérios nas terras das comunidades castanheiras, que causam grandes danos
ambientais e sociais, ademais, tem o corte ilegal da madeira das castanheiras,
o que ocasiona a queda da produtividade da castanha-do-brasil.
Outro ponto de destaque com relação a degradação das
castanheiras da floresta amazônica tem sido vinculado ao agronegócio, que
apesar de trazer grandes crescimentos para a economia do país, apresenta
grandes problemas quando falamos de um avanço criminoso e desenfreado que
ocorre na floresta amazônica, pois existem grandes áreas invadidas
irregularmente para a produção de soja e milho, por exemplo, bem como da
pecuária, fatores como esses ameaçam profundamente a biodiversidade da região,
inclusive das castanheiras-do-brasil. Ou seja, a manutenção dessa atividade
que, por sua vez, tem consequências diretas na preservação da floresta, depende
em grande medida, de políticas públicas adequadas à sua manutenção e ampliação
dos resultados econômicos e sociais. As populações detêm um saber que precisa
ser reconhecido e preservado para as gerações futuras.
Curiosidades sobre a Castanha-do-Brasil
As castanhas retiradas dos ouriços (fig. 7), são amêndoas
são altamente nutritivas, razão pela qual recebe o apelido de “carne vegetal”,
uma amêndoa de castanha, segundo estudos realizados, apresenta que esses frutos
tem todas as proteínas presentes na carne de vaca, com uma vantagem importante,
a digestão é realizada com maior facilidade pelo organismo humano. Para que
tenhamos uma ideia, a cada duas amêndoas de castanhas, temos a mesma quantidade
de proteínas de um bife de 100 gramas de carne de vaca. Interessante esse comparativo
para que consigamos ter a compreensão de que com um bom manejo e uma melhor
elaboração nas políticas públicas, eventualmente poderíamos ter essas castanhas
ofertadas nas escolas por todo o Brasil, de uma maneira que ajudaríamos na
conservação da floresta amazônica por se tratar de um fruto extraído das
reservas naturais, e também no auxílio de desenvolvimento da região de uma
forma sustentável (PORTO-GONÇALVES, 2008).
Outro ponto importante é a cultura produzida pelos
castanheiros da Amazônia, povos que estão presentes na floresta há muitos anos,
observamos a preservação dos costumes, da maneira em que vivem nessas localidades
e se relacionam com a natureza, sempre com muito respeito e admiração por quem
sempre lhes serviu como lar e como meio de subsistência, com o manejo das
castanhas. Foi com eles que aprendemos o quanto pode ser saboroso e nutritivo
desfrutar de um fruto que é nativo daquela região, daquele clima, daquele solo,
ou seja, com eles aprendemos que podemos ter a fabricação de bolachas, de
leite, de óleos, de doces, enfim, eles prontamente compartilharam com o resto
do mundo as suas particularidades, e necessitamos respeitar esses povos da
maneira que eles merecem, preservando a sua cultura e a floresta, que é um poço
de riquezas naturais, cujo qual não conseguimos enxergar o fundo.
Fig. 6 - Secagem da castanha
Foto: Maurício de Paiva
Fig. 7 - Castanha-do-brasil
Fonte: <https://amazonia.org.br/2014/01/dezcuriosidades-sobre-a-castanha-do-brasil-que-voceprovavelmente-nao-sabia/>
Agora que você já leu o texto logo acima, já tem um prévio
conhecimento sobra a castanha-do-brasil, ou simplesmente a castanha-do-pará,
nos atentamos para a importância da preservação da cultura desses povos que são
importantes moradores da floresta e nos abastecem com os frutos dessas árvores
maravilhosas. Antes de mais nada, é necessário que entendamos que eles residem
nessa floresta por milhares de anos, e essas tradições são transferidas de
geração em geração, e cabe ressaltar um ponto importantíssimo. Esse ponto é a
preservação e a conciliação que eles possuem diante da floresta, representando
uma harmonia e um equilíbrio que fazem toda a diferença. Para que tenhamos uma
região amazônica desenvolvida socialmente e economicamente, não precisamos
degradá-la, devemos, portanto, nos conscientizarmos que é possível um avanço no
desenvolvimento e ao mesmo tempo um equilíbrio entre as partes, ou seja, entre
homem e natureza.
Atividades
1) Após a leitura do texto, escreva a sua opinião sobre a preservação das castanheiras da floresta amazônica.
2) Destaque qual foi o ponto do texto que mais lhe chamou atenção. Por quê?
1) Após a leitura do texto, escreva a sua opinião sobre a preservação das castanheiras da floresta amazônica.
2) Destaque qual foi o ponto do texto que mais lhe chamou atenção. Por quê?
Referências
WWF (Site). Castanheira do Brasil: grandiosa e ameaçada. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/especie_do_mes/fevereiro_castanheira_do_brasil.cfm> . Acesso em:
28 de outubro de 2019.
NATIONAL GEOGRAPHIC (Site). Coleta da castanha resiste em integração ancestral com floresta Amazônica. Disponível
em:
<https://www.nationalgeographicbrasil.com/cultura/2019/10/coleta-da-castanha-resiste-em-integracao-ancestral-com-floresta-amazonica>. Acesso em:
28 de outubro
de 2019.
AMAZÔNIA.ORG (Site). Castanheiros atuam como guardiões da floresta Amazônica no Amapá. Disponível
em: <http://amazonia.org.br/2019/06/castanheiros-atuam-como-guardioes-da-floresta-amazonica-no-amapa/>. Acesso em:
28 de outubro de 2019.
MLLER,
Carlos Hans. A cultura da castanha- do-brasil/ Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1995.
PORTO-GONÇALVES,
C.W. Temporalidades amazônicas: uma contribuição à Ecologia
Política. In: Desenvolvimento e meio ambiente, n. 17, p.
21-31, 2008.
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